Seja se começou a tentar engravidar ou se está com dificuldades em engravidar, pode questionar como poderá comer para a sua genética. Existe uma área fascinante chamada de Nutrigenómica que olha para os seus genes e analisa como podem ser mais ou menos afetados pelos alimentos, em função da sua genética.
Quando se otimiza a fertilidade do ponto de vista da nutrição, existem diversos fatores a ter em consideração na história clínica, quer de homens, quer de mulheres, nomeadamente a importância de equilibrar hormonas e ciclo menstrual ou suportar a qualidade de um óvulo ou esperma…
A Nutrigenómica é uma área onde se analisa como os nutrientes interferem com a expressão genética. Já a Nutrigenética é definida pela interação entre variações genéticas e a ingestão nutricional e como estes aspetos interferem em termos de saúde.
Os alimentos são literalmente informação para os genes. Se tiver carências nutricionais, sejam provenientes de uma alimentação inferior à ótima e/ou causada pela genética, a sua fertilidade pode estar reduzida.
Com falta de nutrientes, nas proporções inadequadas, a nossa bioquímica não vai estar equilibrada, causando por exemplo inflamação e falta de energia a nível celular. Nestes casos, é provável que o corpo fique em estado de alerta, levando a que não seja seguro, nem seja altura ideal para conceber.
Os genes dão instruções (codificam) proteínas para crescer, para regular e manter a saúde e incluem enzimas, transportadores e recetores. Quando existe uma variação de um gene pode haver uma alteração da função celular ou de uma proteína. Sabendo de antemão essa informação preciosa, em função do meio ambiente, do estilo de vida e da alimentação, podemos otimizar o funcionamento daquele polimorfismo genético. Afinal, sabemos que os nutrientes e o meio ambiente também influenciam a expressão genética. Atualmente é possível pedir painéis de Nutrigenética e Nutrigenómica específicos e relacionados com a fertilidade e gestação. Estes testes são muito úteis na prática pois permitem ir ao detalhe.
A Nutrigenética e Nutrigenómica afetam a fertilidade, porque é necessário um ótimo estado nutricional para suportar os desafios e o maior gasto de energia que é conceber. Esta é uma das razões por que algumas pessoas precisam de maior ou menor quantidade de nutrientes que outras, apesar de poderem ter a mesma idade, alimentação, atividade… Com estes testes de ADN, onde existe uma análise de diversos genes que interagem entre si, pode-se identificar quais os genes que precisam de ser otimizados e como o fazer.
Em suma, esta área pode ajudar a identificar causas para os desafios da fertilidade, quando associado a toda a história clínica do casal. Dessa forma, pode propor estratégias individuais e personalizadas para melhorar os resultados de Procriações Medicamente Assistidas (PMAs) ou suportar casais a evitar as mesmas.
Joana Pinheiro, Especialista em Nutrição Clínica, Funcional e Nutrigenética