Foi há cerca de 4 anos que decidimos que íamos deixar de adiar a decisão de ter filhos. Até então tínhamos adiado por vários motivos, empregos precários, salários baixos, depois dificuldade em ter uma casa, pandemia… Novamente a dificuldade em ter casa.
Na altura com 36 anos e depois de alguns meses expus a dificuldade a médica e foi desvalorizado… E por causa disso “perdemos” mais de um ano. Esse ano foi o pior, frustração e ansiedade ao máximo. Até que ao fazer uns testes de ovulação que nunca acusavam nada percebi que algo não podia estar bem. Uns exames e baixa reserva ovárica… Sentimento de injustiça. Seguimos para o público, espera, desmarcação de consultas, mas finalmente lá começaram os tratamentos: 1 inseminação e 1 FIV não deram resultado,seguiu-se alta do público por estar quase nos 40 e não haver tempo para mais. Apesar das demoras senti muita confiança no público. Ora resta a opção difícil de ir para o privado pelo menos fazer mais uma tentativa. A experiência no privado é terrível, ao desgaste brutal físico e emocional soma-se o “investimento” económico. E confiança? Pouca… Há sensatez? Há razoabilidade? Uma fiv no privado com resultado desanimador. E agora a pergunta mais difícil de todas e que gostava de colocar: Quando se termina, quando se põe um ponto final? Do ponto de vista médico no público é uma idade, no privado é a capacidade económica porque nunca te dizem que não é razoável… Do ponto de vista pessoal… Desistir é um acto de coragem?