Artigos APF

28 Fev. 2025

Movimento +Fertilidade

Portugal, à semelhança de muitos outros países europeus, enfrenta atualmente um dos maiores desafios em matéria de saúde pública e sustentabilidade social: o acentuado declínio das taxas de natalidade. Este cenário sublinha a necessidade urgente de políticas e soluções inovadoras que possam mitigar esta problemática.

Com uma das mais baixas taxas de fecundidade da Europa — atualmente, de 1,35 filhos por mulher, abaixo da média europeia de 1,46, e significativamente inferior à média mundial, que se situa entre os 2,2 e os 2,3 filhos por mulher — Portugal encontra-se numa posição que exige atenção e uma ação concertada.

Embora o problema seja global, as soluções variam de país para país e de empresa para empresa. O objetivo, contudo, é comum: aumentar as taxas de natalidade e reduzir as taxas de infertilidade. Para compreender as causas deste declínio, é fundamental identificar os fatores associados, como mudanças culturais, barreiras económicas, alterações nas normas sociais, custos sociais e até desafios biológicos.

Esses desafios, embora complexos, são passíveis de mitigação através de medidas eficazes. Observa-se que cada vez mais empresas adotam políticas de apoio à natalidade e amigas das famílias, oferecendo benefícios que permitem aos colaboradores conciliar o sonho de serem pais com as suas ambições profissionais.

Neste contexto, a Associação Portuguesa de Fertilidade, Sociedade Portuguesa de Medicina e Reprodução e Ordem dos Médicos lideram o lançamento deste Movimento, que tem como objetivo atenuar a problemática da fertilidade e constituir uma frente comum em prol de uma sociedade mais inclusiva e menos discriminatória.

Diversos fatores levam as mulheres a adiar o desejo de se tornarem mães, muitas vezes devido a inseguranças e discriminações no ambiente laboral. Esse adiamento contribui para que, em muitos casos, as mulheres ultrapassem a idade fértil, necessitando recorrer a tratamentos de fertilidade para realizar o sonho da parentalidade. Esse desfasamento entre o desejo de parentalidade e o adiamento da maternidade resulta frequentemente na transferência deste projeto para idades mais avançadas, trazendo consigo novos desafios.

Esta problemática afeta sobretudo as jovens mulheres, que muitas vezes sentem uma pressão social e biológica para escolher entre a realização profissional e o desejo de serem mães. Não é incomum que, durante entrevistas de emprego, lhes seja colocada a questão: “Pretende ter filhos nos próximos anos?” Uma resposta afirmativa, apesar de sincera, pode ser o diferencial entre a obtenção ou não da oportunidade de trabalho. Esse cenário contribui para que a idade em que muitas mulheres se sintam confortáveis para serem mães aumente, conduzindo, infelizmente, a uma maior incidência de infertilidade.

Consequentemente, há uma crescente necessidade de recorrer a técnicas de procriação medicamente assistida, como a fertilização in vitro e o congelamento de óvulos — tratamentos que, frequentemente, são financeiramente inacessíveis para muitos.

Embora a maior parte dessas soluções recaiam sobre os governos, as empresas, no âmbito da sua responsabilidade social e enquanto impulsionadoras de mudança, podem adotar medidas que apoiem a construção de uma família. Estudos diversos indicam um conjunto de políticas eficazes e atrativas que podem ser implementadas para esse fim.

Com o objetivo de proteger o emprego sem discriminação e de modo a não prejudicar nenhuma das partes envolvidas, sugerem-se iniciativas como a opção pelo trabalho remoto, a introdução de um cheque-creche, o aumento das licenças de parentalidade e até mesmo o apoio financeiro de mulheres que necessitem recorrer a técnicas de procriação medicamente assistida.

Saiba mais sobre o Movimento +Fertilidade
Aqui

Artigos relacionados