31 Mar. 2025
Após o diagnóstico, como agir e o que esperar do centro de fertilidade

Ana Galhardo, Psicóloga clínica, docente no ISMT e investigadora no CINEICC
A experiência de um diagnóstico de infertilidade, bem como as exigências dos tratamentos de fertilidade, tende a ser acompanhada de sofrimento psicológico e a ter um impacto em diversas áreas da vida das pessoas nestas circunstâncias.
O amplo reconhecimento destas implicações conduziu à elaboração, por parte da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE, sigla em inglês), de diretrizes referentes ao apoio psicossocial. Tendo por base este documento, foi depois
produzida uma versão breve, dirigida aos pacientes, mas que pode também ser útil para os seus familiares.
Esta versão procura sintetizar a informação relevante, decorrente de evidências científicas e/ou melhores práticas baseadas na experiência clínica. Neste contexto, são apresentados os aspetos que os pacientes tendem a valorizar quando avaliam a equipa e a clínica/centro de fertilidade. Além destes, foram formuladas dicas concisas e sugestões práticas para pacientes que estejam a iniciar, a realizar ou a terminar tratamentos de fertilidade. Assim, espera-se que este possa ser um contributo para que as pessoas possam ter uma experiência saudável relativamente ao diagnóstico e tratamento da infertilidade.
Tratando-se de documentos que podem ser úteis em diversos países, a ESHRE definiu um conjunto de procedimentos para que as sociedades científicas de medicina da reprodução dos diferentes países pudessem apresentar uma versão traduzida dos mesmos, sujeita a validação final. Nesta sequência, a Secção de Psicologia da Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução integrou como uma das suas atividades desenvolver as versões traduzida em língua portuguesa, quer para os pacientes, quer para os profissionais de saúde. Atendendo à utilidade que estas informações podem ter, a sua partilha com a Associação Portuguesa de Fertilidade torna-se imprescindível.
Esperamos que seja um recurso benéfico!
Ficam aqui as conclusões gerais das diretrizes:
• Os pacientes têm preferências claras sobre os cuidados psicossociais que recebem nas clínicas/centros de fertilidade. Os profissionais devem estar cientes dessas preferências e considerá-las na sua abordagem.
• As necessidades dos pacientes variam consoante as fases do tratamento, pelo que o apoio psicossocial deve ser ajustado em conformidade. Os profissionais devem estar informados sobre as necessidades específicas dos pacientes nas diferentes etapas do tratamento.
• Alguns pacientes são mais vulneráveis às exigências dos tratamentos e, portanto, necessitam de apoio psicossocial adicional. Os profissionais devem estar conscientes das características específicas dos pacientes que indicam o risco de estar a experienciar maiores necessidades ou problemas anteriores, durante ou após os tratamentos de fertilidade.
• A forma mais eficaz de começar a integrar os cuidados psicossociais nos cuidados de rotina em fertilidade passa por melhorar a informação disponibilizada nas clínicas/centros.
Se recebeu um diagnóstico de infertilidade ou se está a iniciar ou a realizar um tratamento de fertilidade, conheça as 10 dicas para quem está neste processo e 10 aspetos que deve esperar da equipa e da sua clínica de fertilidade na versão em Português do guia da ESHRE aqui.