17 Nov. 2025
Uma caminhada com um final feliz
Jéssica Campos
O meu nome é Jéssica Campos, tenho 31 anos e aos 28 decidimos que queríamos ter o nosso terceiro bebé. As minhas duas primeiras gestações foram feitas de forma natural, sem problema algum, e por isso estava longe de imaginar que iria conhecer este processo de fertilidade.
Foram 4 anos de tentativas e com uma pandemia pelo meio. Foram 4 anos de relações sexuais programadas, consultas, e medicação apenas para estimular a ovulação, mas nem assim aconteceu.
Até que o meu obstetra, no final do terceiro ano de tentativas nos disse que seria melhor passar para outro médico, onde teríamos acompanhamento especializado e exames mais específicos!
E assim foi. Em março de 2023 começámos a fazer exames e o resultado foi "infertilidade sem causa aparente". Se fosse realmente o nosso sonho ter mais um bebé teria de ser através de tratamentos. Longe de pensar o quão dispendioso seria, dissemos logo que sim.
Durante a consulta foi-nos dito o preço e uma estimativa de valor gasto em farmácia. Ligámos de imediato para o nosso seguro que rapidamente disse “NENHUMA SEGURADORA COMPARTICIPA TRATAMENTOS DE FERTILIDADE”. Estávamos por nossa conta. Iniciei uma pesquisa em grupos e conheci uma mulher que me falou na Associação Portuguesa de Fertilidade. Entrei no site e fiquei de coração quente por ver que no meio do caos seria a minha boia de salvação e que tornaria o processo menos penoso a nível monetário.
Foi uma caminhada com um final feliz, pois no dia 05-03-2024 nasceu o meu Rodrigo.
Com o meu percurso e após tantas pesquisas e conversas apercebi-me que a fertilidade ainda é um tabu na nossa sociedade, e que tantas mulheres se sentem sozinhas e muitas vezes desistem por não terem apoios, por não saberem que existe um espaço como a Associação que ajuda, não só na parte reprodutora, como mental.
Acabei por criar um espaço no Instagram onde o foco é ser os ouvidos daquelas que tantas vezes querem apenas desabafar sem opinião do outro lado, um espaço onde o intuito é ouvir, falar sobre o meu trajeto e dar voz à Associação, que infelizmente não é tão falada como deveria. É mostrar que no final, mesmo que não seja o pretendido, será sem dúvida alguma uma aprendizagem e um testemunho para passar para alguém.
A minha caminhada, graças a quem me acompanhou, e graças também à Associação, teve um final feliz.
Uma associação feliz é uma associação com coração e a Associação Portuguesa de Fertilidade têm não só o coração no sítio certo como têm a capacidade de ser uma luzinha no fundo do túnel.
Obrigada por serem e estarem desse lado, para nós e por nós.